Olhe diretamente para o mundo, entenda o que vê e depois tenha uma ideia de como desenhar sua interpretação!
Uma grande parte do processo de desenho é “apenas” perceber e entender - sem mover um dedo (ou um lápis). O que há de especial na situação? Existe algo que ressoe com seus pensamentos ou sentimentos? Olhar leva muito tempo e energia , para mim é a parte mais difícil do processo. E quando digo olhar estou dizendo para enxergar de fato, saber que tudo aquilo é vindo de sua mente, olhar também se tornar imaginar, para interpretarmos qualquer forma com o nosso órgão olho, precisamos interpretar esse objeto.
Quando você encontrou algo interessante, o próximo passo é traduzir o que você vê em um pedaço de papel.
Caso pretenda que outras pessoas entendam sua visão, você precisa levar ela em consideração e trazer o aspecto mais comum possível para sua obra, caso contrário será apenas para você mesmo, apresentar ou deixar imagens que falam por si só precisa ser seu objetivo neste ponto. A frase “quer que eu desenhe?” precisa realmente ser auto-explicativo. É claro que artistas de obras de artes não pensam muito assim, pois eles se expressam e deixam a interpretação livre para os apreciadores, mas isso não é eficiente quando estamos usando o desenho para explicar algo (lembre-se, estou dizendo explicar, não expressar), você precisa atravessar o tempo de entendimento o mais rápido possível, de forma clara dar base para seu pensamento.
Lembra da última vez que contou uma história a alguém? Aposto que você não se entregou a todos os pequenos detalhes (exceto que seu nome é “Thiago Lucas”), mas, em vez disso, você se concentrou nas partes que o levaram "ao ponto".
É o mesmo com o desenho.
É impossível mostrar tudo em um desenho. Portanto, temos que focar nas coisas que importam e pensar em uma maneira de mostrá-las . Como organizamos os elementos no papel? Que cores devemos usar? Que tipos de linhas ajudam a expressar nosso argumento? Podemos abordar essas decisões de maneira racional ou intuitiva, mas não vamos ignorá-las!
Assim como um livro escrito com jornadas de início, meio e fim, sua abordagem precisa também de uma sequência. Existe a opção da pessoa ir sozinha e tentar entender o que foi feito, mas diferente de um livro que possui fala, o desenho não possui linguagem além da interpretação, e caso você tenha o objetivo de apresentar uma ilustre ideia, não seria nada legal deixar por acaso as pessoas entenderem ou não, a menos que seja seu objetivo.
Criei o hábito de desenhar pequenos esboços da minha vida cotidiana. Uma das regras que me dei é desenhar cada figura de uma só vez. Normalmente eu posso ficar parado e me concentrar por 1 a 3 horas. Esse prazo me obriga a focar e pensar cuidadosamente sobre o que desenho - e o que deixo de fora. Faço muitos rabiscos, mas outros são com lapidações profundas e retratos realistas.
Este primeiro desenho eu deixo apenas linhas que servem de marcações para as estruturas, ficando como foco principal o formato do templo Budista Kadampa de Cabreúva, no final, coisas como textura, cor e outros detalhes que fogem do formato desejado foram todos ignorados para o desenho. Nos meus 1 mês que fiquei aprendendo meditação com monges budistas lá, pude fazer diversos desenhos e tirar várias fotos (veja as fotos aqui)
Para você ver… como o estilo do desenho pode mudar completamente, embora seja um desenho feito por observação ele retrata apenas uma referência visual, onde que na esquerda eu estava olhando para um sofá e na direita uma mochila, com esses dois objetos desenhei prédios com o seu formato.
Exercícios de imaginação como este ajuda a desenvolver essa capacidade de retratar coisas aparentemente inexistentes vindas apenas de algumas referências, um exemplo é que você tem em sua memória uma cenoura e ela é laranja, você lembra e sabe disto, mas se eu pedir para você pensar em uma cenoura roxa você está não apenas usando imaginação, você desafiando sua lógica. A verdade é que ninguém cria nada do “nada”, constantemente estamos interagindo com fontes de inspiração, seja um filme ou andar pela cidade, vemos prédios e eles ficam como uma imagem em nossa memória, e nossa mente não é um retrato da realidade, é apenas um pensamento do “passado” de sua mente que chamamos de memória (Do Latim MEMORIA, de MEMOR, “aquele que se lembra”, de uma raiz Indo-Europeia MEN-, “pensar”, que nos deu também “mente”.), logo tudo aquilo que você pode achar que viu naquele prédio, talvez não exista, e talvez seja essa a questão, você não precisa lembrar de tudo caso não queira, você pode fazer o retrato da sua imaginação.
Agora que você já é do “clube do desenho”, é preciso aprender técnica, não técnica livro, digo técnica prática, o próximo artigo é um guia rápido para iniciantes em desenho.
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